a companhia wayne mcgregor regressou ao palco do centro cultural vila flor, em guimarães, desta vez para apresentar "universe: a dark crystal odyssey". uma sala de espetáculos cheia, mas um resultado final não tão cheio como a maior parte das pessoas ali presentes esperava.
os bailarinos - e importa ressalvar que alguns deles se juntaram à companhia em setembro - assumem, em "universe: a dark crystal odyssey", os elementos naturais. o fogo, a água, a terra e o ar. com um guarda roupa que merece uma salva de palmas e que não deixam margem para dúvidas.
a certa altura, somos invadidos por uma voz. diz-nos que a próxima geração pagará. começa a revelar-se, então, a crise climática retratada na peça. as imagens projetadas são, na maior parte das vezes, diretas. não há sequer hipótese de acharmos que se fala ali de outra coisa qualquer.
e se no final há ou não uma esperança, cabe a cada um dos espectadores decidir. porque a história não está escrita e a arte é um espaço para, precisamente, nos deixar refletir.
solos, duetos e trios incríveis, mas ficava sempre a sensação de que faltava algo. ou que havia algo a mais ali. a dança tornou-se quase que um acessório do que ali se passava. e com coreografias tão boas e bailarinos que queriam entregar tudo, a dança devia estar em primeiro lugar.
"a tecnologia imersiva de última geração circunda a coreografia sobre-humana nesta ode contemporânea à mudança". é assim que começa a apresentação desta peça na sinopse. e é isto que queremos referir também, porque "a tecnologia imersiva de última geração" talvez tenha sido excessiva num espetáculo com bailarinos muito bons que mereciam ser vistos. não o foram. ou foram pouco.
podíamos tentar arranjar uma "desculpa" para tal. nesta que era uma reflexão sobre a crise climática, talvez as projeções fossem o que está a destruir o nosso planeta e aquilo que não nos permite ver a sua beleza a 100%. mas seria isso mesmo, uma desculpa. as projeções tornaram-se uma distração em "universe: a dark crystal odyssey".
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