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rodrigo leão e rosa: a cumplicidade ao piano. e na vida.

Foto do escritor: joana miguel menesesjoana miguel meneses

"que inspiração. saio daqui cheio de vontade de fazer coisas." ouvi alguém dizer isto assim que subimos as escadas para sairmos do centro cultural vila flor depois de ouvir rodrigo e rosa leão ao piano.


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podia ter sido eu a dizer aquilo. podia ter sido pelo menos qualquer uma das pessoas que partilhou a fila comigo naquela noite. uma fila que, adianto já, deixou algumas lágrimas escorrem pela cara - e está tudo bem -.


as caras eram maioritariamente mais velhas um pouco por todo o auditório. mas não pude deixar de reparar em pessoas que eram, claramente, família. o pai ou a mãe e o filho ou a filha. caras mais novas também. tal como no palco.


bastou ver rodrigo e rosa leão entrarem em palco para percebermos a cumplicidade. sem uma nota ao piano. sem uma palavra. era notório. e foi bonito. "piano para piano" passa essa mensagem. um álbum cheio de vida e um concerto que é quase uma conversa entre dois pianos - e o computador do músico.


que a vida são as pessoas que por ela passam e os momentos que nela vivemos já todos sabemos. e aquelas duas horas, em guimarães, vieram lembrar-nos disso. porque às vezes também é preciso que nos recordem das coisas que não devíamos nunca esquecer. e não precisávamos que nenhum dos dois nos explicasse que a música era sobre alguém ou sobre alguma pessoa. porque a música - e a arte - tem essa magia e deixam-nos voar sozinhos.


antes desta dupla, carlos maria trindade encheu o palco com o seu "vitral submerso" e, no final, deixei uma palavra aos três. não pude deixar de partilhar com rodrigo leão que fui ali com o meu pai, que estava atrás de mim enquanto pedia que me assinava um vinil. o sorriso foi imediato. e a empatia também nos faz esquecer a famosa frase "não conheçam os vossos ídolos". mais um check bem feito e a certeza que há amores e lembranças que passam de geração em geração.



*texto de opinião_"piano para piano", guimarães.

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