. a dor, a ansiedade e a depressão. são estes alguns dos temas que guga se propõe a mostrar no seu ep, "ontem, hoje e nunca mais".
a vulnerabilidade dos tópicos que do ep fazem parte é visível na fotografia de capa, onde guga surge a chorar e onde se lê "ontem, hoje e nunca mais". "vivemos numa sociedade onde nos ensinam que os homens não choram e não se devem queixar. que devem ser fortes e providenciar pelos seus. eu sou homem, chamo-me rodrigo e estou a chorar na capa do meu próximo projeto", escreveu nas redes sociais.
"tic tac" abre o ep lançado a 24 de fevereiro. foi o primeiro single a poder ser ouvido pelo público e foi muito bem recebido. "dizem que eu falo demasiado de mim na música // eu nunca ouvi uma crítica tão estúpida", ouve-se naquele que é um tema bastante pessoal e no qual se percebe a luta do jovem artista para chegar onde está hoje, onde o sonho já é uma realidade.
guga despe-se neste álbum e, sem qualquer pudor, fala de ansiedade, algo que o deixa "com medo da ansiedade por não se sentir ok". é assim em "se um dia eu te ligar" e continua, porque o ep leva-nos, depois, para "foram tantas". acreditamos estar a fazer uma caminhada com guga. uma caminhada de força, mas também uma caminhada onde os baixos foram muitos. e nesta música, assim como no videoclip, isso está bem destacado. "foram tantas noites sem dormir na minha cama // dores, calmantes, tem vezes que a depressão me ganha" são as frases que não nos saem da cabeça enquanto vemos guga deitada, como que enclausurado num cubo pintado a giz a contar os dias.
num registo bastante diferente, a marcar o meio de "ontem, hoje e nunca mais", "bijuteria" vem trazer uma das mensagens que guga queria passar neste ep. "chamo-me rodrigo e estou a chorar na capa do meu próximo projeto". todos amamos e todos choramos, porque, como escreveu no youtube, "para sempre são as memórias". uma música que pode ter várias interpretações, talvez de acordo com o momento da vida em que nos encontramos. uma música que facilmente se dedica a um amor de uma vida ou a uma mãe: "o amor é o mesmo, 'tou no mesmo sítio, sempre 'tive cá // desculpa a sério se eu não consegui, pôr-me no teu lugar (...) há coisas que eu não queria que ouvisses // mas chegou a hora de eu tas contar", "a adolescência não tem sido fixe // e admito 'tar a passar um mau bocado // problemas a lidar com a ansiedade, // parece que eu nem gosto do meu quarto // quando chego a casa, chego sempre tarde // p'ra evitar pensar".
e a mostrar que pensar na vida não quer, o rapper faz-nos entrar mais ainda na sua cabeça. fechado num pequeno espaço, rodeado de balões vermelhos e com uma camisa de forças, guga dá-nos a conhecer a sua história: "já chorei tanto tempo // por quem não chora por mim // há um ano tinha amigos // que eu nunca mais os vi".
"vocês já tinham saudades de ouvir assim um guga"
"fico só a ver" é uma clara crítica à sociedade e à forma como os artistas são valorizados: "marquei o meu nome do norte até à lisa // agora usem a desculpa que a tuga é pequena", "nenhuma professora que eu tive entendeu", "essas boîtes que pareçem carnaval // todos os dias da semana com os palhaços que eu lá vi".
uma "raça nova". é assim que o rapper se apresenta em "ansiedade". um tema que é, também, um agradecimento. apesar de a ansiedade tomar conta da vida de guga, houve quem também tomasse conta dele. a mãe, os amigos, e aqueles que um dia foram estranhos. com um piano que é essencial nesta música, visitamos "o banco da lota" e conhecemos o sonho de "casas cheias e uma casa nova" e "encher teatros, estádios, ruas, coliseus".
"o obrigado é para vocês que ouvem o que digo // e foda-se o egocentrismo, eu agradeço-me a mim". termina assim um dos eps que irá, certamente, marcar o ano de 2023.
e o nosso obrigado é para ti, guga, que te deste a conhecer e que nos fizeste querer ouvir-te "ontem, hoje e para sempre".
ouve aqui:
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