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"o que é um problema?": um papel transformador em quem cria e em quem vê

é o nosso dia a dia: problemas e tentar arranjar soluções para eles. se é na matemática que alguns adolescentes veem os seus maiores problemas, há quem os veja na saúde mental. e está tudo certo. porque, afinal, há tantos problemas. e tantas soluções também.


© paulo pacheco

em "o que é um problema?", de beatriz valentim, não há uma história. ou não há uma só história. há a história de todos aqueles que são espectadores. todos aqueles que se sentam frente a frente com duas bailarinas e se deixam encantar pelos sons de um músico - que ocupa um lugar de destaque nesta peça com a gravação em direto da música e o uso de instrumentos que nunca estamos à espera -.


a dança, a música e as artes plásticas juntam-se em palco. e isso tem tanto de mágico como de acolhedor. porque é para todos. porque podemos ser o que quisermos. e porque somos todos capazes de fazer o que queremos. e porque vamos todos conseguir, de alguma forma, demorando mais ou menos tempo, encontrar a solução para o nosso problema.


quem é que nos põe limites? quem é que limita o nosso caminho? e é tão melhor quando percebemos que podemos ir bem mais além que isso e que o caminho não está necessariamente já traçado.


e se alguma vez ouvirmos as vozes nas nossas cabeças que nos dizem "não sejas assim. agora não.", prometemos apanhar todos os balões que caírem para nos dar cor à vida. até porque tudo o que começa reto e rígido pode mudar. "o que é um problema?" não quer dar respostas aos teus problemas. quer, antes, fazer-te pensar e fazer-te acreditar que és capaz.


para beatriz valentim, "observar as gerações mais novas e a sua forma de pensar, quando criam e questionam, tem um papel transformador". e tem esse papel não só para quem cria, mas também para quem vê. ouvir vozes de crianças e jovens a confessarem os seus problemas e ler de que forma os tentam solucionar é um motor incrível de movimento. e, para os próprios jovens, tem esse papel transformador. sentem-se ouvidos e ganham competências.




*às vezes os chamados "espetáculos para crianças" não são para crianças. aliás, acho que nunca o são. também são para crianças. mas são, acima de tudo, para os adultos.

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