capicua não chegava ao palco perto da uma da manhã há algum tempo. foi a própria quem começou por dizer ao público, entre risos, por estar a pensar nisso enquanto cantava "último mergulho". porém, para o público do westway lab, em guimarães, parecia ser uma noite normal: a noite de quem poderá ter uma "vida de escritório das nove às cinco" e de quem nem o "medo do medo" tem medo.
a celebrar dez anos de "sereia louca", a rapper ana matos fernandes, pediu que os vimaranenses ali presentes, em cima do palco, recebessem a música que deu nome ao seu segundo álbum com as duas mãos no ar. pedido aceite e um coro que não parou de cantar.
seguiu-se "casa no campo", e acredito que tenha sido aí que percebi que o público não estava ali por estar, ou porque queria ver outros concertos do festival. viu-se merchandising de capicua, viram-se muitos braços no ar, muita vontade de dançar e de cantar.
a palavra falada, a rima, o feminismo, o ativismo, a música. capicua é das melhores escritoras que temos em portugal. escreve sobre ser mulher, como em "planetário", escreve sobre "dias de merda", como apresentou "gaudí". escreve músicas de amor, músicas para andar de carro, músicas para ver o pôr do sol, músicas dançar. será a música de capicua um "quadrado perfeito" que nos faz repensar quem somos (e fomos), como no seu recente tema "que força é essa amiga"?
da "circunvalação" a "vayorken", chega sempre com a "mão pesada" e a mostrar que mc é de "maria capaz" e que faz qualquer um cantar, dois oito aos oitenta. tal como foi no westway lab, que terminou ao som de "mátria" e de "madrepérola".
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